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No Brasil, o consumo de bebidas alcoólicas é incentivado e socialmente aceito. Assim, as indústrias defendem seus interesses objetivando o lucro e em alguns casos, acabam não pensando na saúde pública (GARCIA; FREITAS, 2015).

É de extrema importância a preocupação com as Políticas Publicas de Saúde pois o consumo de álcool vem crescendo entre as mulheres e esse fato é preocupante, principalmente durante a gestação, devido ao risco da Síndrome do Alcoolismo Fetal (ibid.).

Segundo uma pesquisa realizada em 2013 pelo IBGE, com dados da PNS referentes ao consumo abusivo de álcool nos 30 dias anteriores à entrevista entre indivíduos maiores de 18 anos, a prevalência do consumo de álcool foi superior entre homens, na faixa etária de adulto jovem (18 a 29 anos), de cor de pele preta ou indígena, fumantes e pessoas que avaliaram sua saúde como boa ou muito boa. Nas regiões do país, as maiores prevalências foram encontradas entre residentes em áreas urbanas e nas regiões Centro-Oeste e Nordeste (ibid.).

O termo Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF) se refere à existência de subfenótipos relacionados consumo de álcool na gestação, sendo o fenótipo mais grave as manifestações da SAF. (GANTHOUS, et al 2015).

Vários fatores já foram descritos relacionados com a variabilidade clínica do TEAF. A quantidade do consumo do álcool e seu padrão foram apontados como os principais fatores. Outro fator importante é o período do desenvolvimento do feto em que o consumo de álcool ocorreu em que o feto é exposto ao álcool, bem como os a interação gene-ambiente que favorecem a predisposição materna e do feto para a absorção do álcool (ibid.).

A deficiência intelectual é uma manifestação frequente nos casos com TEAF. A SAF está entre as principais causas de deficiência intelectual na infância, pois na avaliação de desempenho intelectual, crianças com SAF tiveram escores de QI mais rebaixados (ibid.).

OLIVEIRA et al. (2016), destacaram que houve muito desconhecimento por parte das mulheres em idade fértil sobre as consequências do álcool durante a gravidez além do desconhecimento da prevenção e tratamento para o Transtorno do Alcoolismo Fetal.

LUO (2015), apresenta que Crianças com Transtorno do Espectro Alcóolico fetal possuem muitos sintomas associados déficit cerebelar. O cerebelo está envolvido no processamento cognitivo e na discriminação sensorial, sendo o centro de coordenação motora do sistema nervoso central (SNC). Crianças e adolescentes com exposição pré-natal ao álcool apresentam uma redução no volume cerebelar e uma diminuição do tamanho do vermis cerebelar. Além disso, Etanol está envolvido na ativação da enzima PKR que promove neuroinflamação induzido por etanol e neurotoxicidade no cerebelo em desenvolvimento.

A exposição pré-natal ao álcool tem efeitos prejudiciais generalizados sobre o cérebro, e alguns estudos já relacionaram a exposição ao álcool a uma redução no tamanho total do cérebro (MOORE et al, 2014).

A prevenção consiste em evitar o consumo de álcool durante a gravidez. Além disso, investir em educação em saúde para a população e políticas públicas, com intervenções diretas em situações de alto risco. A prevenção primária é a principal ferramenta de prevenção (ASTLEY, 2004).

A exposição pré-natal ao álcool retarda o desenvolvimento ósseo fetal e pós-parto. Também resulta em um menor peso e estatura do neonato, que podem perdurar ao longo da vida. O consumo de álcool pela gestante pode desenvolver uma hipocalcemia materna e fetal, que acarreta efeitos prejudiciais no desenvolvimento do esqueleto fetal como mineralização reduzida (Simpson et al., 2004).

O diagnóstico é feito por uma equipe multiprofissional, que realiza uma avaliação completa da criança. Exames físicos, testes de inteligência, terapia ocupacional, psicoterapia, avaliação neurológica e de fala, e testes genéticos são realizados (Murkhejee et al., 2017).

Não foi identificado nível considerado seguro para o consumo de álcool na gravidez. Nota-se que houve um aumento da gravidez não planejada o que favorece o risco do consumo de álcool entre as gestantes nos primeiros meses de gravidez. Os efeitos do álcool podem ser extremamente prejudiciais nesse período inicial, visto que ocorre o desenvolvimento da crista neural e o início da formação de órgãos, e também no restante da gravidez, no qual ocorre a expansão e fortalecimento das redes neurais (Murkhejee et al., 2017).

A equipe multidisciplinar recomendada às necessidades especial de uma criança com o transtorno pode incluir: médico, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e um conselheiro familiar (Petrenko e Alto, 2017).

O álcool atravessa os capilares endoteliais maternos devido a seu baixo peso molecular. Se a mulher consome álcool no período da amamentação, cerca de 2% do etanol é transferido do sangue para o leite materno.

As alterações no neurodesenvolvimento de uma criança com SAF ficam mais evidente entre a faixa etária dos 2 aos 11 anos.

Não há tratamento farmacológico efetivo para a SAF, apenas para os seus sintomas com o objetivo de oferecer qualidade de vida ao indivíduo com a síndrome.

O recém-nascido exposto ao álcool no período pré-natal passa por um quadro de abstinência nos primeiros dias de vida, apresentando irritabilidade, problemas de sono, recusa alimentar, taquipneia e apneia (Tacon et al., 2017).

De acordo com Tacon et al (2017), os sinais indicativos das Desordens do Espectro Alcoólico Fetal variam com a faixa etária:

  • Em recém-nascidos, são características faciais com lábio superior fino e liso e fendas palpebrais pequenas. Microcefalia, hipoplasia maxilar, baixo peso e baixa estatura também.
  • Em crianças na idade escolar: atraso no desenvolvimento motor, na linguagem e dificuldades de aprendizagem.
  • Em adultos: instabilidade emocional e dificuldades sociais. Mudanças comportamentais severas também podem estar associadas.

 

24/08/2019 Participação no Congresso Científico e Tecnológico (em breve mais informações).

11/09/19 XIII Encontro de Bolsistas de Extensão

24/08/20 Encontro remoto para discussão do artigo “Prevenção da síndrome alcoólica fetal: subsídios para a prática de enfermeiras obstétricas.”

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